Sessão Dirigida (SD) é um espaço do ENEGEP 2008 de apresentação, discussão e articulação de trabalhos acadêmicos de forma coletiva e interinstitucional, que objetiva congregar pesquisadores e demais interessados em determinados temas previamente propostos pela Comissão Organizadora e que se coadunam com o tema geral do evento. Cada SD é composta por no mínimo 3 e no máximo 6 artigos.
SDS E TRABALHOS APROVADOS PARA O ENEGEP2008
SD01 - DESAFIOS PARA A METODOLOGIA DE PESQUISA EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Coordenador: Paulo Augusto Cauchick Miguel(USP) Relator: Roberto Antonio Martins (UFSCar)
Durante várias décadas, o estudo metodológico na pesquisa em engenharia de produção foi praticamente negligenciado, com exceção de umas poucas iniciativas dessa natureza. Embora este estudo venha apresentando uma evolução, particularmente com o aumento da produção qualificada dos programas de pós-graduação em engenharia de produção verificada pela CAPES, a velocidade com que isso vem ocorrendo não é satisfatória.
Portanto, hoje é notória a necessidade de evolução no tema de metodologia de pesquisa em engenharia de produção no Brasil.
Essa evolução é essencial para o aumento no nível dos trabalhos de mestrado e doutorado em engenharia de produção e, sobretudo, das publicações em periódicos qualificados, especialmente os nacionais e internacionais com alto fator de impacto. Nesse contexto, essa sessão dirigida objetiva fomentar a discussão sobre metodologia de pesquisa, colocando como tema os desafios que a engenharia de produção e gestão de operações atualmente enfrenta. Esses desafios são de ordem epistemológica, estratégica, relacionados à caracterização do trabalho de pesquisa, métodos para a coleta e análise dos dados e respectiva instrumentação, dentre outros.
Esta sessão dirigida pretende colocar em pauta os desafios nos assuntos anteriormente apontados. Os proponentes dessa SD têm experiência estabelecida no assunto e já têm conduzido algumas ações direcionadas nesse sentido. Os trabalhos submetidos na ótica dos desafios metodológicos consideram os tópicos de delineamento do projeto de pesquisa, modelamento conceitual, estratégias e métodos de pesquisa comumentes utilizados, e experiências práticas na aplicação dos métodos de pesquisa.
Como resultado esperado, pretende-se ter um quadro analítico inicial sobre esses tópicos visando um aprofundamento no futuro. Também pretende-se estabelecer alguns encaminhamentos na forma de ações futuras e agenda para discussão e continuidade das ações de melhoria no tema. A proposta dessa sessão dirigida conta com a participação de outros pesquisadores na área, que têm especial interesse no tema.
Uma das preocupações atuais da maioria dos cursos de Engenharia de Produção é o baixo número de graduandos em relação ao número de ingressantes. Historicamente, verifica-se que grande parte dos ingressantes é retida nas primeiras séries do curso, particularmente nas disciplinas do Núcleo de Conhecimentos Básicos de Engenharia. O objetivo desta Sessão Dirigida consiste em discutir as causas e efeitos do baixo rendimento acadêmico observado nas primeiras séries dos cursos de Engenharia de Produção. Pretende-se discutir os fatores subjetivos e alguns fatores didático-pedagógicos. Como fatores subjetivos podem ser relacionados dificuldades de integração do acadêmico no grupo, dificuldades na transposição de um modelo educacional paternalista para um modelo pró-ativo, dificuldades de adaptação sócio-cultural, falta de conhecimento prévio do que seja o Curso de Engenharia de Produção e o que se deve estudar neste curso, entre outros. Em relação aos fatores didático-pedagógicos das disciplinas do Núcleo de Conhecimentos Básicos de Engenharia deseja-se discutir as estratégias para o maior aproveitamento acadêmico com a prevenção das reprovações, incentivo a metodologias de recuperação, motivação para o desenvolvimento de responsabilidade e autonomia no processo de aprendizagem. No entanto, estes aspectos apresentam-se inter-relacionados e exigem estratégias de acompanhamento contínuo. Esta Sessão Dirigida espera contribuir para o melhor entendimento das causas do baixo rendimento acadêmico nas disciplinas básicas do Núcleo de Conhecimentos Básicos de Engenharia. Espera colher depoimentos de casos de sucesso dos representantes de diversas instituições que oferecem cursos de Engenharia de Produção, discutir e divulgar as estratégias que têm sido desenvolvidas para melhoria do processo de ensino-aprendizagem capazes de propiciar o monitoramento do mesmo.
A relação entre competitividade industrial e Gestão de Produção está constantemente presente na pauta acadêmica e industrial, principalmente no momento atual, de crescimento econômico, alterações na gestão da estrutura empresarial e de desenvolvimento de novas técnicas produtivas. A indústria nacional sofre reestruturações em diversas áreas, o que muitas vezes leva a resultados não desejados como: perda de foco, conflitos interdepartamentais, desperdício de recursos e até demissões, não contribuindo para a criação de um contexto favorável à produção e às pessoas. A utilização de modelos baseados na Gestão do Conhecimento (GC) pode contribuir para minimizar alguns desses problemas, ao promover um contexto favorável à criação e ao compartilhamento do conhecimento pelas pessoas do ambiente operário, gerenciar as formas de compartilhamento do conhecimento local, orientar ações para melhoria da competitividade industrial e fomentar inovação.
Além disso, de um ponto de vista agregado, conceitos de GC podem ser discutidos dentro da estratégia de operações das empresas industriais. Por exemplo, a ampla difusão de sistemas de gestão de operações baseados no Sistema Toyota de Produção (STP), principalmente na indústria automotiva, onde as empresas criam modelos de gestão próprios baseados em princípios do STP mesclados a aspectos estratégicos específicos, pode ser em si uma forma de GC.
O objetivo da Sessão Dirigida (SD) "Gestão do Conhecimento em Sistemas Produtivos" é discutir trabalhos que apresentem modelos e experiências que integrem Gestão da Produção e Gestão do Conhecimento em ambiente industrial. Esta proposta surge de reflexões sobre a necessidade de aprimorar a competitividade industrial por meio da Gestão da Produção e do Conhecimento de forma sustentável, e é motivada por trabalhos desenvolvidos na UNESP e UNITAU (MUNIZ, 2007) e na USP (MIYAKE; NAKANO, 2007).
O tema Gestão do Conhecimento (GC) é um campo relativamente "jovem" e muitos conceitos ainda estão evoluindo. Existe carência de trabalhos com uma visão integrada dos conceitos de Gestão do Conhecimento, tanto em Organização da Produção e do Trabalho quanto em questões estratégicas de operações.
A GC é relevante para a criação de um contexto favorável para a criação e compartilhamento do conhecimento entre os envolvidos. Dessa forma, trabalhos recentes sobre Gestão do Conhecimento, tanto teóricos como empíricos, têm indicado oportunidades de pesquisas envolvendo: levantamento de fatores que influenciam esse contexto organizacional, desenvolvimento de metodologias para melhoria dos negócios; orientações sobre formas de desenvolver esses contextos para encorajar processos de conversão do conhecimento nos grupos e na organização como um todo e aplicação de conceitos de gestão do conhecimento na discussão da estratégia e gestão de operações.
Entende-se, portanto, que a SD proposta pode contribuir por atender às demandas apresentadas, alargar os marcos conceituais verificados na literatura, ao explicitar o uso do tema Conhecimento na Gestão da Produção, ampliar a visão do gestor de produção sobre a realidade na qual ele atua e orientar ações para a melhoria dos processos existentes.
Josenildo Brito de Oliveira (UFPB)&Maria do Socorro Márcia Lopes Souto (UFPB)& Maria Silene Alexandre Leite (UFPB)
SD04 - ABORDAGEM SISTÊMICA COMO FERRAMENTA SUSTENTÁVEL PARA MODELAR SISTEMAS COMPLEXOS.
Coordenador: Maria Silene Alexandre Leite (UFPB) Relator: Antonio Cezar Bornia (UFSC)
Partindo-se da lógica de que o curso de Engenharia de Produção é interdisciplinar, propõe-se uma discussão em torno do uso da abordagem sistêmica como ferramenta sustentável para modelar sistemas complexos. O motivo desta proposta vem da percepção de que os sistemas produtivos são sistemas complexos e precisam ser modelados como tal. Sistemas assim considerados apresentam propriedades e comportamentos semelhantes aos sistemas vivos, por isso devem ser tratados de acordo com sua dinâmica de funcionamento, sua organização, sua estrutura, bem como estudadas as interações entre estrutura, organização e dinâmica. Nota-se ainda que, as abordagens cartesianas são pouco eficientes para tratar os sistemas que apresentam muitas interações e comportamento complexo, como é o caso dos sistemas produtivos, sendo útil empregar a abordagem sistêmica para intervir e modelar situações mais complexas geradas pelo atual ambiente empresarial.
Por outro lado, pretende-se avançar e apresentar, no ENEGEP 2008, os trabalhos desenvolvidos pelo grupo de Pesquisa Complexidade & Organizações, liderado por mim, professora Maria Silene Alexandre Leite, e composto por pesquisadores doutores de Universidades reconhecidas no País: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) e Universidade Federal do Amazonas (UFAM), além de alunos de graduação e pós-graduação da UFPB. O grupo discute a complexidade dos sistemas produtivos e propõe alternativas sustentáveis para intervir nestes sistemas de forma mais apropriada.
SD05 - GESTÃO DO DESEMPENHO ORGANIZACIONAL COM ABORDAGEM DA MANUFATURA SUSTENTÁVEL: REALIDADES E TENDÊNCIAS DAS ORGANIZAÇÕES COM RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Coordenador: Vagner Cavenaghi(UNESP) Relatores: Sérgio Eduardo Gouvêa da Costa/Edson Pinheiro de Lima (PUCPR)
Os sistemas de produção tradicionalmente concebidos com os elementos de entrada, processo de transformação e saída têm viabilizado com eficiência e eficácia as atividades das organizações. No entanto, o cenário atual da sociedade globalizada exige modificações na gestão da produção. O papel principal da manufatura - transformar os recursos em produtos e/ou serviços - sofre restrições formais no âmbito das dimensões ambiental, ética, social e econômica. Isso exige um processo de repensar os processos de transformação. Observar os elementos desse processo, sob a ótica da sustentabilidade, em todas as etapas - entrada, transformação e saída - se faz necessário. Elementos de entrada como recursos materiais e energia precisam ser reduzidos ou substituídos visando menor consumo. O processo de transformação exige um permanente olhar para o aumento da produtividade. Finalmente, nos elementos de saída desse sistema, é necessária a observação da relação entre os produtos desejados e a existência de produtos não desejados tais como sucatas e/ou resíduos do processo de transformação. Na atualidade, todo esse processo possui um olhar mais atento da sociedade globalizada sob os aspectos socioambientais. Em cada fase do processo a gestão da produção deve analisar os impactos nessa dimensão. Finalmente, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável da organização, é necessário que a manufatura não se descuide na dimensão econômica, ou seja, a gestão do processo de transformação deve ocorrer de maneira que assegure a recuperação dos recursos consumidos e promova o resultado econômico com eficácia. O objetivo principal da Sessão Dirigida será verificar os conceitos e as recomendações que podem ser encontradas na literatura sob a dimensão da manufatura sustentável. Observar o cenário atual e as posições que organizações de manufatura estão assumindo complementará a pesquisa. Finalizando, a Sessão Dirigida deverá analisar possíveis tendências sob a abordagem da manufatura sustentável.
SD06 - APLICAÇÃO INTEGRADA DE PROJETO DE EXPERIMENTOS, SIMULAÇÃO DE EVENTOS DISCRETOS E OTIMIZAÇÃO NA MANUFATURA.
Coordenador: José Arnaldo Barra Montevechi (UNIFEI) Relator: Fernando Augusto Silva Marins (UNESP)
As mudanças econômicas ocorridas desde o início da década de 1990 vêm exigindo rápidos ajustes estratégicos e estruturais em todos os setores da economia brasileira e no setor de manufatura não poderia ser diferente. Tanto a produtividade quanto a reatividade têm se tornado os objetivos principais de gerentes de sistemas de manufatura. Produtividade implica em prestar atenção nas variáveis externas (clientes, vendas e etc.) assim como nos recursos (máquinas, trabalhadores e etc.). E, a reatividade, necessita de extrema flexibilidade no planejamento, um excelente conhecimento das expectativas expressadas pelos fatores externos (clientes, contexto sócio-econômico e outros) e um perfeito conhecimento das expectativas e atividades dentro da organização. A atividade de gerenciamento destas variáveis e fatores pode ser definida como a gestão estratégica de operações.
A estratégia de operações é o padrão global de decisões e ações que definem o papel, os objetivos e atividades de cada parte da produção de forma que apóiem e contribuam para a estratégia de produção do negócio. Porém, a tomada de decisões em muitas empresas ainda não obedece à consideração sistêmica de impactos globais na organização. Portanto, como se percebe, os modernos sistemas de manufatura são complexos e estes são compostos por muitas operações discretas que ocorrem aleatoriamente e de forma não linear, podendo ser representados através de modelos matemáticos ou de outros modelos. Uma forma de prever esses sistemas seria através da simulação de eventos discretos. Esta técnica consiste na modelagem de um sistema que sofre mudanças em intervalos de tempo discretos, onde muitos sistemas de produção apresentam essas mudanças. E, a simulação de eventos discretos tem evoluído para se tornar um sistema de análise complexa mais popular e com custo médio mais eficiente. Assim, essa técnica mostra-se ideal para ser aplicada nesses tipos de sistemas.
Aliada à simulação, a otimização tem-se mostrado uma ferramenta de extrema importância. A otimização é o processo de tentar diferentes combinações de valores para variáveis que podem ser controladas, buscando uma solução que provê a saída mais desejada para um modelo de simulação. Entretanto, como estas otimizações normalmente possuem não linearidades, a solução sempre é complexa e, dependendo do modelo, leva-se muito tempo para a obtenção de resultados. Um problema é que se pode estar usando, no modelo, variáveis que não são significativas, quanto à análise dos resultados. E infelizmente isto só é descoberto depois de se ter modelado, simulado e otimizado o modelo. Um caminho para contornar este problema é descobrir as variáveis mais relevantes, e que afetam o resultado de maneira mais significativa com suas variações antes de se efetuar a simulação propriamente dita. O projeto de experimento é uma técnica que permite a descoberta destas variáveis.
Embora as técnicas de Projeto de Experimentos, da Simulação por Eventos Discretos e da Otimização, de forma isolada, tenham os seus usos bastante difundidos e consagrado, a combinação do uso delas é uma área nova e de fronteira ainda desconhecida. De fato, embora já se encontrem divulgados alguns trabalhos que combinem a Simulação com a Otimização; o Projeto de Experimentos, integrado à Simulação e à Otimização ainda é muito pouco estudado.
Assim, esta proposta de sessão dirigida representa um caminho para elucidar estas questões, sendo seu objetivo principal a discussão de como o uso combinado do Projeto de Experimentos, da Simulação por Eventos Discretos e da Otimização pode trazer resultados significativos para a gestão de operações das organizações. Ou seja, pretende-se incrementar, através dessa nova perspectiva, o processo de tomada de decisões de empresas manufatureiras.
Como objetivos específicos podem ser listados:
a)Efetuar a consolidação, em uma mesma Documentação Preliminar, de recentes desenvolvimentos teóricos que permitam à comunidade científica dispor de uma metodologia para o uso integrado do Projeto de Experimentos, da Simulação de Eventos Discretos e Otimização;
b)Ilustrar por meio de resultados de experiências práticas atuais em diferentes empresas como poderiam ser utilizadas em conjunto as três técnicas em questão;
c)Mostrar o resultado de estudo que procura identificar a compatibilidade entre Simulação e Técnicas de Otimização;
d)Mostrar como técnicas de Modelamento Conceitual podem ser aplicadas na etapa do Planejamento de Experimentos;
e)Comparar o uso da Análise de Sensibilidade com o do Planejamento de Experimentos na determinação das variáveis mais relevantes numa simulação;
f)Mostrar como a Simulação pode atuar em conjunto com a Teoria das Restrições e a Programação Linear Inteira em Problemas de Gerenciamento de Produção;
g)Disponibilizar uma ferramenta computacional eficiente com uma implementação de um Algoritmo Genético e apresentar seus resultados na etapa de Otimização;
Passa-se, na seqüência, a apresentação dos resumos dos artigos que foram aceitos para essa Sessão Dirigida. Os trabalhos envolveram equipes de pesquisadores de várias instituições, se referem a temas de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado, e estão sendo aplicados em situações reais de empresas manufatureiras de relevância no País.
Alexandre Ferreira de Pinho (UNESP/UNIFEI), José Arnaldo Barra Montevechi (UNIFEI) & Fernando Augusto Silva Marins (UNESP)
SD07 - PERSPECTIVAS DA GESTÃO DA QUALIDADE: ANÁLISE DO CASO BRASILEIRO.
Coordenador: Roberto Antonio Martins (UFSCar) Relator: João Batista Turrioni (UNIFEI)
A Gestão da Qualidade é vista como uma abordagem para padronização e melhoria contínua dos processos organizacionais visando a obtenção de produtos e serviços com qualidade para satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes com ausência de defeitos com redução dos custos operacionais e aumento de lucros. A abordagem engloba tipicamente a identificação das necessidades dos clientes, a utilização de equipes de projeto multi-funcionais, a seleção de fornecedores com base na qualidade dos produtos fornecidos, o uso de métodos estatísticos para o controle e aperfeiçoamento de processos e gestão por prioridades.
No Brasil, essa tecnologia de gestão teve um grande impulso com iniciativas governamentais destacando-se: - A implantação do Subprograma de Tecnologia Industrial Básica, em 1984; - A criação do Projeto de Especialização em Gestão da Qualidade, em 1987; - O lançamento do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade em 1991;
A partir dessas iniciativas foram consolidados grupos de pesquisa em várias universidades brasileiras, consolidando a base para a difusão e prática da Gestão da Qualidade no Brasil. Também foram treinados vários profissionais nas empresas e foram criadas empresas de consultoria sobre o assunto. Entretanto após três décadas de difusão dessa tecnologia de gestão, o assunto continua pouco explorado em termos acadêmicos, pois, o esforço maior foi na direção da transferência da tecnologia para as organizações brasileiras, tendo como reflexo a criação de várias empresas de consultoria a partir da base estabelecida inicialmente nas universidades.
Neste contexto a proposta desta sessão dirigida no ENEGEP 2008 é refletir sobre os fatos das últimas três décadas frente aos problemas de qualidade de produtos e serviços diariamente divulgados nas empresas e a eterna necessidade de reduzir custos e conquistar mercados. O objetivo proposto para esta Sessão Dirigida é analisar os modelos de Gestão da Qualidade adotados no Brasil nos últimos 30 anos e a partir daí discutir propostas para linhas de trabalho a serem desenvolvidas nos próximos anos.
SD08 - ARRANJOS ORGANIZACIONAIS E TRABALHO COLABORATIVO NA INTEGRAÇÃO E SUSTENTABILIDADE DE CADEIAS PRODUTIVAS.
Coordenador: Marina Rodrigues Brochado (CEFET-RJ) Relatores: Renato Samuel Barbosa de Araújo (CEFET-RN)/Antônio José Caulliraux Pithon (CEFET-RJ)
No fim do século XIX na Grã-Bretanha, o economista Alfred Marshall observou vantagens competitivas em um grupo de pequenas empresas que atuavam em conjunto, quando comparadas com outras empresas fora deste conjunto. A esses aglomerados ele chamou de distritos industriais. Ele Preconizou as vantagens advindas desta associação tais como a difusão do conhecimento tácito, o planejamento dos investimentos econômicos, a cultura de inovação na gestão organizacional e nos processos produtivos, bem como o desenvolvimento econômico regional devido ao surgimento de empresas complementares a atividade principal. Na segunda metade do século XX, a importância da concentração espacial como fator responsável pelo aumento do grau de eficiência econômica. Retorna na experiência da Terceira Itália, na região da Emilia Romagna, onde o desenvolvimento desta região está apoiado em um modelo de redes de pequenas empresas, mecanismos de integração e desenvolvimento local. Com a difusão da indústria para áreas mais distantes e a adoção de programas governamentais de pesquisa e desenvolvimento, passam-se dos conceitos de complexo industrial e de pólo de crescimento, noções mais concretas e mais bem definidas, aos conceitos de meios inovadores, regiões inteligentes e sistemas locais de inovação, que são conceitos menos amadurecidos e menos respaldados teoricamente. Estas últimas noções diferenciam-se mais semanticamente do que de fato, dependendo da origem de seus formuladores. A proposição desta Sessão Dirigida visa abrir espaço para discussão da importância de aspectos relacionados a coopetição contemplando as formas e o modus operandi das principais tipologias de arranjos empresarias e premissas do trabalho colaborativo para integração e sustentabilidade de cadeias produtivas. No atual cenário econômico-produtivo globalizado, a necessidade das empresas atuarem dentro das cadeias produtivas de forma conjunta e associada tornou-se uma premissa relevante. Os modelos organizacionais baseados na colaboração, compartilhamento de recursos, ajuda mútua e complementaridade (Olave e Neto, 2001), surgem como possibilidade real para o desenvolvimento e sustentabilidade empresarial em nível estrito e da cadeia produtiva no sentido amplo. Sistemas Regionais de Inovação Integrando as Cadeias Produtivas Organizacionais A teoria dos pólos de crescimento, derivada da noção marshalliana de complexos industriais (Marshall, 1982), apresenta semelhanças com a teoria schumpeteriana de desenvolvimento econômico (Schumpeter, 1982): presença da indústria motriz inovadora, de grande dimensão, assimetria do pólo em relação às unidades interligadas, presença implícita de um comandante, que faz a unidade motora crescer acima da média da economia, e crescimento descontínuo e desequilibrado. A polarização setorial e territorial aparece como uma tendência natural no crescimento econômico das regiões e países, gerando concentração da renda e da riqueza. Paralelamente a isso, as políticas públicas têm seguido essa tendência concentradora, com o propósito de maximizar os efeitos de encadeamento do crescimento das atividades motrizes e a taxa do crescimento econômico da economia como um todo. Municípios industriais, de menor porte, de sua parte, também seriam beneficiados por políticas que visassem à desconcentração industrial. Muitos deles têm agido por conta própria, sem esperar que os Governos Estadual e Federal estabeleçam iniciativas que lhes favoreçam. Com a difusão da indústria para áreas mais distantes e a adoção de programas governamentais de pesquisa e desenvolvimento, passam-se dos conceitos de complexo industrial e de pólo de crescimento, noções mais concretas e mais bem definidas, aos conceitos de meios inovadores, regiões inteligentes e sistemas locais de inovação, que são conceitos menos amadurecidos e menos respaldados teoricamente. Estas últimas noções diferenciam-se mais semanticamente do que de fato, dependendo da origem de seus formuladores. A idéia comum entre elas é a de que a inovação torna-se endógena ao sistema produtivo, que possui um contexto regional. Políticas públicas e a cooperação local entre empresas, pesquisadores e outros agentes tornam-se fundamentais para o desenvolvimento local pela indução à inovação. Percebe-se que o desenvolvimento das pequenas regiões passa por sua organização interna, pela mobilização das forças locais, formada pelos empresários existentes e potenciais, pelas universidades, prefeituras, secretarias de estado e demais órgãos públicos vinculados com a questão regional. Somente a presença das grandes empresas motrizes e dos investimentos do governo federal não basta para promover o desenvolvimento regional. Desenhos Organizacionais para competitividade e Sustentabilidade Dentre os desenhos de arranjos empresariais, as redes de empresas representam uma forma de obter competitividade e sobreviver no mundo globalizado. E na busca pela competitividade exige-se que os agentes dos aglomerados econômicos adotem cada vez mais a redução de fronteiras através da integração e colaboração tornando as relações empresariais mais estreitas e confiáveis. AMATO NETO (2000) e CASSAROTO (2002) descrevem rede como processo organizacional de atividades produtivas por meio de coordenação e / ou cooperação entre empresas, objetivando fortalecer as atividades de cada empresa da rede, proporcionando vantagens tais como: - Elevar o poder de competitividade: criando relações mais confiantes com seus fornecedores e clientes, pequenas e médias empresas podem concorrer de forma mais equilibrada com grandes empresas; - Dividir riscos e custos: somando os investimentos iniciais menores a união de pequenas e médias empresas dividem também eventuais riscos, assim o prejuízo ficará diluído entre elas fazendo com que essas empresas se adaptem melhor às mudanças de mercado; Este conjunto de vantagens aponta para a possibilidade de ampliação da competitividade das organizações que se articulam no arranjo ou na cadeia com vista a sustentabilidade empresarial. Os mesmos autores ainda apontam que a maior transferência de informação e tecnologia possibilitada pela articulação em rede permite que as pequenas e médias empresas estejam sempre se atualizando em todos os aspectos, uma vez que a velocidade de transferência de informações é muito grande. Neste sentido percebe-se a necessidade de ampliação e aperfeiçoamento dos mecanismos de comunicação, cooperação e gestão do conhecimento, materializados nos mecanismos, técnicas e ferramentas utilizadas no trabalho colaborativo. Trabalho Colaborativo como mecanismo eficaz de articulação entre organizações O termo trabalho colaborativo possui uma longa historia nas ciências sociais, sendo primeiramente empregado no século XIX por economistas como designação geral e neutra do trabalho envolvendo múltiplos participantes. A colaboração, a troca de informação, a capacidade de comunicação, o respeito às diferenças individuais e o exercício da negociação são requisitos importantes para o trabalho colaborativo. Na literatura é comum encontrar os termos colaboração e cooperação sendo usados indistintamente. Alguns pesquisadores diferenciam-nos de acordo com o grau de divisão do trabalho. Na cooperação, os membros do grupo executam tarefas individualmente e depois combinam os resultados parciais para obter o resultado final. Na colaboração, os membros dos grupos trabalham juntos em um esforço coordenado. Para vários autores, a colaboração é classificada como um estado e a cooperação como um dos processos necessários para estar no estudo de colaboração. No contexto desta proposta, a cooperação é uma das atividades da colaboração e as organizações na perspectiva dos indivíduos que interagem de forma articulada no processo colaborativo. Na colaboração, o papel da comunicação é fundamental, podendo ser realizada de varias formas, através de encontros face-a-face ou por meio eletrônico. Verifica-se hoje em dia que os serviços das redes de comunicação potencializam o trabalho colaborativo, especialmente o baseado em CSCW (Computer Supported Colaborative Work - Trabalho Colaborativo Suportado por Computador). Semelhantemente as organizações em rede valem-se de mecanismos presenciais ou eletrônicos para viabilizar a interações produtivas. O CSCW é a área de estudo que investiga como as pessoas trabalham em conjunto utilizando a tecnologia de computadores. Tipicamente uma aplicação de CSCW inclui o correio eletrônico, videoconferência, sistemas de chat, interações entre múltiplos indivíduos, aplicações compartilhadas em tempo real, sistemas de notificação e o suporte a percepção. Todas as ferramentas e sistemas utilizados no trabalho colaborativo podem ser replicados conceitualmente para potencializar a dinâmica dos arranjos produtivos e organizações em rede. Nesta Sessão Dirigida busca-se discutir com os pesquisadores nas temáticas contempladas: resultados, modelos de aplicação, abordagens inovadoras e estudos que contribuam para o adensamento do conhecimento. A proposta da Seção Dirigida pode ser entendida como uma rica oportunidade para discussão de casos e avanços metodológicos e a lacunas a serem superadas no âmbito das aplicações das abordagens de trabalho colaborativo relacionados à temática da integração e sustentabilidade de cadeias produtivas. As aglomerações de indústrias que realizam atividades similares em virtude de economias de localização favorecem a especialização e a complementaridade, o que acarreta economia de escala. As ligações entre as empresas através de mecanismos que incrementem a cooperação interorganizacional, a cooperação técnico-produtiva e a cooperação tecnológica com centros de pesquisas levam a racionalização da atividade de produção. A organização de pequenas e médias empresas em rede vem se tornando uma opção significativamente estratégica para a sobrevivência das mesmas no atual modelo econômico e de negócio, onde a estrutura organizacional tradicional não mais consegue atender as diversas demandas de forma eficaz. A dinâmica dos arranjos organizacionais associada às inovações gerenciais e aos avanços nos sistemas, mecanismos e ferramentas de colaboração aponta para a oportunidade de se discutir e aprofundar os temas no sentido de disponibilizar um painel de conhecimentos que possam contribuir para otimizar o processo de integração de cadeias produtivas com vistas a sustentabilidade das empresas que delas participam, , bem como no acesso aos mercados, o que significa novos conhecimentos e capacidade de aumento constante de competitividade com acesso a novas tecnologias, e desenvolvimento de tecnologias apropriadas.
Renato da Silva Lima (Unifei), Bernardo Vasconcelos de Carvalho (Unifei) Pedro Henrique Athanasio Delalibera; (Unifei)
Calendário
-> Até 31 de agosto: Envio dos resumos revistos de cada SD que constarão dos anais do ENEGEP 2008.
-> 13 de outubro: Reunião dos coordenadores e relatores das SDs com a Coordenação Geral no local do ENEGEP 2008.
-> 13 a 16 de outubro: ENEGEP à as SDs ocorrerão sempre no horário de 10 às 12 horas nos dias 14, 15 e 16.
-> Até 31 de outubro: Prazo para os autores dos trabalhos apresentados na SD devolverem os trabalhos corrigidos/adequados e revisados para a coordenação da sua SD.
-> Ate 14 de novembro: Prazo para os coordenadores das SDs enviarem os capítulos prontos para a coordenação geral das SDs. Prazo para obtenção do ISBN e elaboração da Capa do livro.
-> Até 28 de novembro: Envio do livro para a Gráfica.
Pagamento de taxas
-> Inscrição de SD: isento
-> Inscrição de artigo a ser apresentado na SD: R$ 50,00 (igual taxa de a Inscrição no evento):
-> TODOS pagam normalmente a taxa de inscrição no evento.
Rio de Janeiro, 10 de junho de 2008 Comissão Organizadora do ENEGEP 2008